Desde a entrada da Gol, que chegou trazendo uma proposta nova de transporte e iniciou uma guerra tarifária que acabou por tornar as passagens mais acessíveis aos brasileiros, muita água passou por baixo da ponte.
A Gol que trouxe uma proposta inovadora, esqueceu-se dela e hoje apesar de manter o sistema de operações low cost (baixo custo) há muito tempo não é mais low fare (baixas tarifas). ATAM se perdeu no caminho ao tentar seguir a receita de sucesso da Gol e mais recentemente iniciou a busca de um caminho próprio. A Varig murchou e quando parecia que iria voltar a ser uma sombra do que já foi, resolveu murchar de novo. A BRA cresceu e morreu sem dar tempo de ser conhecida profundamente. A OceanAir anuncia, anuncia e na hora da verdade acaba no jornal, mas com notícias não muito animadoras. Para não falar que tudo piorou, as nossas cias regionais estão tentando ocupar um espaço vago e têm realizado um trabalho descente. A Trip/Total tem tudo para crescer. A TAF, Air Minas e Rico, apesar de suas idas e vindas nas suas operações, têm tentado ocupar seus espaços.
E o país das maravilhas, onde as boas relações eram mais importantes que a competência, de repente se viu mergulhado na escuridão do caos aéreo. O que era perfeito num dia deixou de ser no outro e para que tal transformação ocorresse foi necessário que se perdesse vidas humanas. Veio as trevas e a política do não sei e nunca fui informado, além das omissões no lugar das ações.
Vivemos agora a era dos grandes anúncios seguidos de desmentidos, esquecimentos ou ausência de efeito prático.
No meio disso tudo um consumidor sem opção de escolha, sem proteção de uma agência reguladora, cansado de promessas e a mercê de cias aéreas muitas vezes ineficientes ou pouco preocupadas com o respeito aos seus consumidores ou as leis vigêntes. Para piorar, temos um judiciário lento que amplia a sensação de impunidade e estimula o desrespeito, já que a punição chega anos depois do fato que a gerou.
Sou brasileiro e me orgulharia de ter uma ou várias cias aéreas nacionais internacionalmente conhecidas pelos seus serviços e respeito aos seus consumidores. Cingapura é um país minúsculo e tem isso! Desejaria ter uma nova cia iluminada pela aura de orgulho que envolvia a antiga Varig. Mas não posso ignorar que o mercado doméstico encontra-se na mão de apenas duas cias e que o mercado internacional, na parte que nos cabe, vai ficar na mão de apenas uma cia aérea.
Não dá para ser nacionalista e fechar os olhos. Necessitamos das cias estrangeiras ou do capital internacional para que o mercado nacional possa evoluir. Foi só após uma dolorosa abertura do Brasil as importações que conseguimos ter hoje uma industria mais forte e competitiva. Está na hora de iniciarem uma política de céus abertos no Brasil. Defesa nacional aérea é feita pela aeronáutica e não é ameaçada pela aviação civil.
Nós consumidores não merecemos passar por isso tendo em vista o tanto que pagamos e continuamos pagando.
2 comentários:
Sou 100% solidário ao seu post. Infelizmente vivemos nm pais de m. onde nada é levado à sério como deveria ser. Não existe respeito pelo consumidor e pelo cidadão. A corrupção e a incompetência reinam num feudo (vide caso recente dos cartões de crédito corporativo). Tenho que viajar por motivos profissionais e passo mais de 100h por ano nos aeroportos numa situação onde não se tem com quem reclamar, ou onde, essa atitude não leva a nada. Quando vamos ter pessoas sérias tomando ações sérias ?
Rodrigo, se precisar de assinaturas nesse abaixo-assinado em prol do ingresso de capital estrangeiro no transporte aéreo brasileiro e também para a adoção da política de céus abertos, conte comigo. Ninguém agüenta mais. Só espero que esse grito vá para muito mais além do que esse blog.
Postar um comentário