Vou aproveitar o entusiasmo da última viagem e publicar um relato sobre um parte dessa viagem
Motivado pelo fortalecimento do real e inspirado pela superviagem
descrita e protagonizada pelo
Tony e pela Cecília decidi conhecer mais um pouco da Argentina.
Diante do pouco tempo e de uma passagem de ida e volta já comprada para a Argentina com alguma antecedência fiquei na dúvida ente Ushuaia e El Calafate. Usando as informações do Tony como base, decidi pela última e não me arrependi. Fiquei em El Calafate 3 dias completos e duas noites. Colhi bons resultados com essa estratégia. Talvez um dia mais fosse necessário para completar as opções de passeios turísticos oferecidos na região. 4 dias, 4 passeios e 4 restaurantes seriam suficientes para se ter uma idéia daquela parte da Patagônia. Mas se você quiser viver uns dias a mais de ócio, pode incluir alguns dias com esse objetivo.
Mas o que ver em El Calafate e região?
Sem dúvida são os Glaciares a maior atração local.
Glaciares são formações de gelo que descem das montanhas em direção aos lagos. Esses maravilhas geladas ficam dentro do
Parque Nacional dos Glaciares, um enorme parque nacional que abrange várias cidades.
A partir de El Calafate, pode-se acessar o Glaciar Perito Moreno através de uma viagem de cerca de 70 km (cerca de 1 hora e meia indo com calma) em estradas muito bem conservadas. Apenas um curto pedaço do trajeto, já dentro do Parque Nacional, ainda não foi pavimentado. Como fazia sol, o trecho em nada nos incomodou, devendo apenas manter uma boa distância do veículo da frente a fim de evitar que cascalhos lançados pelo mesmo atinjam o seu carro. Nós turistas pagamos 40 pesos por pessoa para entrar no parque. Os locais e Argentinos pagam bem menos. Mas devido à manutenção e limpeza, são 40 pesos muito bem investidos. Existe um restaurante no local, mas a maioria traz um lanche nas mochilas para comer ali na frente do glaciar.
Foto Panorâmica Perito MorenoO Glaciar Perito Moreno não é o maior dos glaciares, mas é o que mais próximo se chega na região de El Calafate. Após estacionar o veículo em uma área intermediária, vans (parece que o serviço de van e limitação do estacionamento próximo às passarelas só ocorre na alta estação) fazem o transporte dos turistas até o ponto onde se iniciam várias passarelas que permitem uma visão impar do Glaciar Perito Moreno. As passarelas permitem visualizar essa grande maravilha da natureza de diversos ângulos (é so seguir sempre à esquerda nas passarelas para cumprir o circuito completo), além de ouvir os verdadeiros trovões quando as massas de gelo movem-se ou apresentam rupturas. Todo mundo está lá para ver uma das maravilhas do mundo em extinção, mas querem mesmo é ver um dos enormes pedaços de gelo desprender da massa principal e provocar um mini tsunami no lago. Uma senhora experiência.
Mas não é somente de Perito Moreno que viverá seu passeio a El Calafate. Outros glaciares como o Upsala e Spegazzini podem ser visitados por passeios de barco a partir do porto situado na cidade vizinha Punta Bandera, mas não sem antes pagar a entrada no Parque Nacional de 40 pesos por pessoa. O maior desses passeios (todos realizados pelo
mesmo operador), o Todo Glaciares que por sinal
custa uns exorbitantes 240 pesos, começa as 9 da manhã e termina as 4 da tarde. Com direito a uma paradinha num lago (Lago Onelli) com pequenos icebergs para um piquenique cuja elaboração e logística depende do próprio turista. Existe um restaurante por lá, mas dele não posso falar muito (trabalha com resevas realizadas dentro do catamarã e com menus fixos) Os catamarãs usados são muito modernos e o operador tem uma boa estrutura. Mas se a grana estiver curta e vontade for muita, tente um passeio menor. Parece haver um passeio
apenas para o Glaciar Upsala realizado se houver demanda pelas agências locais. Uma dica: Se quiser comprar o passeio de barco diretamente do operador vá até sua loja (que não tinha placa na época que passei por lá) localizada em frente ao posto de gasolina da YPF no início da Av. Del Libertador.
Outras atividades recomendadas (dentre os
passeios oferecidos na região) são minitrekkings nas bordas dos glaciares, cavalgadas a beira do Lago Argentino, passeio numa reserva de aves (Reserva Laguna Nimez) e passeios com jipe 4x4 pelas estepes locais e estâncias. As opiniões sobre quais passeios realizar não são unânimes e vão depender muito do seu gosto pessoal.
Portanto, o esquema geralmente é: cada dia, um passeio diferente. Como gostei tanto de Perito, voltei no meu último dia.
A Cidade de El CalafateNa verdade tudo gira em torno da avenida principal, Av Del Libertador General San Martin (Av Del Libertador para os íntimos), que apresenta um comércio intenso em cerca de apenas 6 quarteirões principais. O comércio expande-se nas transversais por apenas 1 quarteirão de cada lado. Nas duas paralelas superiores e inferiores localizam-se a maioria das pousadas e hotéis situados dentro do centro da cidade. Restaurantes simples a um pouco mais sofisticados, um mini cassino, sorveterias (com o sorvete da fruta Calafate que deu nome a cidade), lojas de souvenir, Internet cafés, locadoras de automóveis, os dois únicos postos de gasolina (YPF e Petrobrás), agências bancárias com caixas eletrônicos, casas de câmbio e supermercados completam o comércio local. Nada que em umas duas horas não possa ser visto tranquilamente. A cidade fica vazia durante o dia e enche a tarde/noite quando os turistas voltam de seus passeios. Agora em fevereiro (com horário de verão lá também) o anoitecer ocorria lá para as 10 da noite.
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Sugestões:
Alugue um carro. Aluguei seguindo a sugestão do Tony e concordo plenamente com ele. O aluguel não foge muito do padrão nacional, a gasolina é barata e local é muito fácil de guiar. Não esqueça de acender os faróis nas estradas, uma obrigação local que até poderia ser estendida para estradas e cidades no Brasil como fazem no Canadá. Com um carro, você faz seus translados sem depender das várias operadoras locais que cobram valores altos pelos mesmos. Mas atenção, o serviço das locadoras locais e internacionais não é dos melhores. Apenas duas locadoras têm balcões no aeroporto (uma local e a Hertz). Tive uns probleminhas com a Hertz local que apesar da confirmação da reserva não tinha um carro disponível a minha espera. Tive que discutir com o responsável local e entrar em contato duas vezes com a Central Hertz da Argentina (fui muito bem atendidos por eles) até conseguir resolver meu problema. As demais locadoras enviam representantes ao aeroporto para receber e entregar os veículos. O problema é que os atrasos dos vôos são constantes e o pessoal só se movimenta para o aeroporto quando um dos vôos está preste a chegar. No caso de você devolver o carro, pode ser necessário esperar o responsável chegar ao aeroporto para fazê-lo. Os postos de gasolina não estavam aceitando cartões de crédito quando realizei minha visita. Mas pagar cerca de 1,40 pesos por litro, por si só compensa a falta desse serviço. Pela tarde há um certo “congestionamento” nos postos. Um alerta do Tony e Cecília: Cuidado como vento da região, principalmente na estrada (ruta 40) que liga El Calafate a El Chaltén (outro destino dentro da Patagônia). Esse vento sopra forte e as vezes dificulta muito a direção. Outro cuidado é que uma rajada de vento pode fazer da porta do seu veículo uma arma que pode ir em sua direção causado grandes estragos. Há inclusive alertas quanto ao vento nas estradas (
foto do Tony).
Não deixe de comer o Cordeiro Patagônico. Seguindo mais essa sugestão do Tony, fui ao Parrilla Ricks. Um restaurante simples, com um igualmente simples buffet de frios/saladas, mas que são acompanhadas por generosas porções de carne trazidas à vontade do freguês. O repeteco é livre! Um cordeiro muito macio e muito bem temperado foi a minha escolha. Aceita cartões de crédito.
Uma opção para um lanche ou pratos mais econômicos fica o Le Lechuza. Pizzas , sanduíches e empanadas são opões do cardápio. A comida por sua vez não tem nada de mais (as pizzas e o sanduíche que exprimentamos). Não aceita cartões de crédito, mas tem a vantagem de estar sempre aberto durante o dia (vários restaurantes fecham entre o almoço e jantar)
Existiam outras opções que por falta de tempo acabamos não testando. Chegar pelas 8 da noite pode ser uma estratégia para evitar filas.
HospedagemA cidade vem sofrendo um boom turístico e o número de construções não para de crescer. Parece que todo mundo está abrindo uma pousada, o que está gerando uma super oferta local. Várias são as opções desde de hotéis dentro de estâncias a albergues e camping. Os preços são um pouco altos comparados com os de Buenos Aires. Fazendo uma escolha baseada na junção de preço e qualidade, encontrei uma pousada dirigida por descendentes de japoneses no tripadvisor, a
Miyazato Inn. Limpeza e atendimento pessoal em um ambiente simples me conquistaram. Recomendo para quem procura uma boa relação custo benefício. A partir de 80 dólares a noite em quarto duplo. Ela fica a cerca de 4 quarteirões do centro da Av. Del Libertador. Depois vou fazer um post específico da pousada. Mas se tiver interesse, entre em contato com
Jorge Miyasato ou Elizabeth Taago E-mail:
miyazatoinn@cotecal.com.ar dizendo que viu no Aquela Passagem e tente um desconto para uns 70 dólares diária na alta temporada com café da manhã continental. São apenas 5 quartos.
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Não esqueça
Não esqueça de trazer um protetor solar, óculos escuros, um bom casaco e um pulôver para os momentos de frio. Uma capa impermeável cai bem, já que o tempo muda muito e se você fizer o passeio de barco fatalmente vai acabar ficando molhado em algum momento da viagem, principalmente se desejar ficar na parte externa do catamarã. Lembrando que fui no pico do verão. O Tony, que foi no início da primavera pegou um tempo bem mais frio. Independente da época, é o vento que dificulta as coisa. Um vento forte e frio.
O Aeroporto e os vôosO aeroporto de El Calafate é mínimo, menor que o da Pampulha em Belo Horizonte e talvez do mesmo tamanho do Bayeux que serve João Pessoa. Arquitetura moderna, tem apenas uma loja de souvenir, 5 balcões de check in, uma lanchonete e duas locadoras de carro, além de uns estandes de operadoras de transporte local. Uma mini esteira traz suas malas que podem ser escolhidas a esmo para uma inspeção sanitária. Proibido ingresso com comida não industrializada e frutas. Possui um pequeno estacionamento a frente que é gratuito. Localiza-se a uns 23 km de El Calafate (você vai passar por uma barreira policial que controla a entrada e saída de El Calafate no caminho do aeroporto, portanto use o cinto, acenda o farol e tenha seus documentos em dia se estiver dirigindo). De El Calafate pode-se voar regurlamente para Ushuaia e Trelew (onde meu avião de volta fez uma escala e que porta de entrada para a Península de Valdés e
suas baleias maravilhosas). Você pode então fazer um roteiro para conhecer mais cidades da patagônia Argentina, ao invés de ficar só em El Calafate.
Antes de dirigir-se ao embarque, é necessário pagar a taxa de embarque num guichê entre os balcões de check in e a entrada da sala de embarque. O valor pode ser de 18 dólares para vôos internacionais (ou com conexão internacional) ou de 8 pesos para vôos nacionais. Para o Uruguay paga-se uma taxa intermediária.
3 são as cias aéreas que operam em El Calafate: Aerolineas e sua subsidiária Austral, LAN e LADE.
A
Aerolineas tem o maior número de vôos para El calafate. Ela e a Austral operam vários vôos usando MD82 e a Aerolineas tem uns poucos vôos usando B737. Atrasos e cancelamentos são frequentes.
Tarifas Buenos Aires/El Calafate (franquia de bagagem de apenas 15kg) a partir de 212 USD (ida e volta, sem taxas, tarifa MVD). Se não conseguir essa tarifa pelo site, tente via o call center da Aerolineas a possibilidade de entrar numa fila de espera dessa tarifa. Tarifas São Paulo/El Calafate (com stop em Buenos Aires) a partir de 470 USD.
A
LAN opera poucos vôos para El Calafate (domingos e sexta-feiras). Mas indubitavelmente tem o melhor serviço na rota. Voa com A320 bem mais conservados que os B737 da Aerolineas.
Tarifas Buenos Aires/El Calafate (franquia de bagagem de 20kg) a partir dos mesmos 212 USD (ida e volta, sem taxas, tarifa HEEFF036). Como o vôo parte as 5:45 da manhã para El Calafate, você terá que passar uma noite (?) em Buenos antes de ir a El Calafate se tiver escolhido a LAN para voar desde São Paulo. Mas vale a pena.
LADE: Linhas aéreas mantida pela Aeronáutica da Argentina com a finalidade de integração regional que opera vôos com uma frequência variável (segue um cronograma liberado por
trimestres). O site não ajuda nas compras da passagem. Usa aviões bem mais surrados. O quer vi parado em El calafate não me animou não (Fokker F27, sendo que o último deles foi construído em 1987 e um F28..)...Não seria uma das minhas opções, apesar de poder ter preços inferiores aos das demais cias, além de realizar vôos do tipo piga-pinga pela Patagônia.
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Saí correndo atrás das passagens para El Calafate e infelizmente as minhas datas apenas combinavam com um vôo de ida pela LAN. A volta teria que ser com a Aerolineas. As passagens foram compradas por cerca de 212 dólares (ida e volta sem taxas, 106 cada perna). Um bom preço comparado aos praticados no Brasil para um vôo de cerca de 3 horas de duração.
Que tal ir além de Buenos Aires na Próxima Vez? Vale a pena e ainda dá para matar a saudade da capital portenha e seus restaurantes na ida e na volta.
PS: O vídeo foi inacreditavelmente gravado e editado num celular Nokia N95 pela minha companheira vegetariana, mas agora ela não é mais despreparada! Obrigado pelo serviço!